segunda-feira, 25 de abril de 2011

Diálogo a uma saudade

Hoje você apareceu de novo em forma de sentimento, acho que era nostalgia a princípio e depois ficou como saudade.
Você se foi tão de repente, sem nos dar nem a oportunidade de darmos um último beijo, um último abraço, um último adeus...
Ao contrário de um suspiro de amor que começa num suspiro vazio e depois ganha vida você se foi tão rápido...
Se foi, sem ao menos nos deixar uma gargalhada, mas deixou olhares tristes como se já estivesse se desfazendo num silêncio ensurdecedor.
Todos os dias me dói sua ausência, mas há momentos em que essa dor arde e machuca, então grito em meu coração pedindo a Deus o seu retorno, mas sei que Ele não pode me atender;
Busco fugas em meu dia-a-dia, mas não tem funcionado muito bem;
Ainda escuto sua buzina quando, à tarde, olho pra garagem vazia e silenciosa.
Vejo seus olhos verdes folha-seca todas as noites a rir pra tv, e meu coração sorri junto, mas segundos depois dorme esperando o dia seguinte.
Deixou-me tesouros, mas a vida após a sua partida arrancou de mim mais uma célula de amor...
Mas ainda estamos de pé com a certeza de que um dia nos reuniremos novamente, através do sentimento mais nobre e nos dias de hoje tão raro entre os seres humanos, o amor...
Muitas pessoas me prometeram que desempenhariam seu papel no momento de sua despedida, mas logo se esqueceram ou talvez apenas constataram que essa tarefa seria impossível.
Tento guardar nossa família como você tão nobremente fazia, mas sinto que meu poder é irrisório frente ao teu.
Amo-o e sempre o amarei, de longe sei que me vê e me guarda.
Ama nossa família e se coloca como um anjo guardião...
Assim consigo viver,
Assim consigo viver...


Homenagem a Geraldo Eustáquio França, meu pai querido, meu eterno amor....


Flávia Mariama

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ser Professor


Defendo uma teoria muito especial sobre essa profissão: ser educador não é uma escolha, mas um dom. Tem gente que acredita ter escolhido ser professor, seja pelas 2 férias anuais, pelas poucas horas de trabalho, pela facilidade dos cursos de licenciatura. Mas não! Definitivamente não! Penso que muitos até exercem essa função por escolha a princípio, mas só quem tem esse dom é capaz de viver a licenciatura na sua essência.
Desde sempre eu soube que seria professora, era um desejo que estava na minha alma, e que hoje consegui por em prática. Mas admito que não é tão simples assim. Até mesmo os dons precisam ser aperfeiçoados, e é aí que travo minha batalha diária: ser cada dia melhor.
Quem pensa que pode chegar, encher o quadro, explicar uma matéria e cobrá-la dos alunos sem ter qualquer tipo de envolvimento se engana. É preciso mais do que técnicas, geralmente apreendidas na universidade, para obter o sucesso profissional nessa área. Ser professor também é ser psicólogo, mãe ou pai, amigo, conselheiro...
Os alunos não são como máquinas que podemos programar para executar determinada tarefa, mas muitas vezes agimos como se fossem. É preciso lembrar que são seres humanos, alguns com poucas vivências, outros com experiências dignas de um adulto, mas cada um com sua individualidade, seu tempo, suas capacidades e habilidades totalmente influenciadas pelo ambiente onde vivem. Os adolescentes podem ser surpreendentes, tanto para o bem quanto para o mal, pois carregam dentro de si uma história de amor, de tristeza, de alegria, de sonhos... temos que respeitar isso... e amar... amar e amar...
É preciso ter pulso forte, senso de organização e disciplina, mas, sobretudo ter paciência, carinho e compreender que ser educador exige muito mais do que conhecimento, exige que estejamos dispostos a aprender... aprender a ser mais humildes, mais humanos, mais sensíveis aos problemas alheios.
Se o professor não for capaz de lidar com essa heterogeneidade, nunca conseguirá fazer com que seus alunos ultrapassem a tênue linha que separa o saber (conteúdos) e o ser social (viver e conviver em meios diversos). E o papel da escola é sim tornar aquele aluno apto a viver também além dos muros da escola.
Esse ano passei por uma experiência única. Tenho uma aluna que há algum tempo vem passando por problemas familiares, o que a tem deixado muito deprimida, triste, a ponto de tentar tirar a própria vida. Fiquei um tempo pensando num modo de me aproximar sem ser invasiva. A oportunidade veio quando eu li um texto em sala que se intitula "A lição do mendigo". Ela chorava a cada frase que eu lia, e assim ela se abriu comigo. Eu a aconselhei e nessa hora percebi o tamanho da minha responsabilidade sobre aquelas vidas.
Pode parecer puro idealismo de principiante, afinal, faz menos de 2 anos que comecei a lecionar. Ainda não passei por situações extremas como muitos professores têm passado dentro das salas de aula. Tenho consciência de que como toda e qualquer profissão, a educação tem seus percalços, mas quando fazemos algo com amor a probabilidade de dar certo é sempre maior.
Para mim não existe nada mais prazeroso que acordar pela manhã com o coração transbordante de alegria de saber que estou indo para a escola. Não há nada mais gratificante que sentir o carinho e o respeito dos alunos. Durante o trajeto, me vêm à mente os rostinhos de cada um deles, e nesse momento peço a Deus que faça de mim um espelho de boas atitudes, bons pensamentos, um incentivo para o progresso na vida de cada um deles.
Também peço a Deus que me dê cada dia mais maturidade e sabedoria, pois lidar com o ser humano e toda sua complexidade é uma árdua missão que quero muito cumprir com amor, solidariedade, respeito e humildade.


Ludmila Fernanda
Abril 2011